Entrevista Especial

Veja as 13 respostas do
Coronel Edson Sardano

DANIEL LIMA - 08/02/2024

Candidato declarado à Prefeitura de Santo André, o Coronel reformado da Polícia Militar Edson Sardano abre o Projeto Entrevista Especial de CapitalSocial. Essa é uma modelagem jornalística inédita no País, entre outras diferenças porque não se limitará a ouvir os principais concorrentes. Entrevista Especial abrirá espaço, também, ao entorno político e econômico da mais que comprovada sociedade desorganizada da região.

Em menos de seis horas de intervalo, entre o recebimento das 13 perguntas centrais e o encaminhamento das respostas, Edson Sardano discorreu sobre questões diversas de Santo André. O entrevistado contava com 15 dias de prazo.

Decidimos aplicar como um dos pontos essenciais de Entrevista Especial a publicação integral das respostas sem qualquer juízo de valor na intermediação editorial entre entrevistado e consumidores de informações.  Daí a manchetíssima acima não dar margem a qualquer interpretação. Qualquer alternativa em forma de enunciado da manchetíssima que pretendesse reproduzir pretensamente uma síntese das respostas do Coronel Edson Sardano poderia enviesar a avaliação crítica dos leitores e eleitores.

Por conta disso, somente amanhã ou mais tardar na semana que vem dedicaremos análise específica das respostas do Coronel Edson Sardano. Essa medida, ou seja, a postergação avaliativa em forma de escrutínio jornalístico, possibilitará análise límpida dos leitores. O conteúdo colocado hoje na praça de informações seria um antídoto a interferências externas, inclusive a indispensável atuação jornalística.

O que temos como matéria-prima ética na edição de hoje é mais que a liberdade de expressão do entrevistado, mas também a liberdade de reflexão dos leitores. O que está em jogo é a construção de massa crítica que se encerrará nas urnas. Democracia informativa manipulada não integra o Manual de Redação de CapitalSocial. Seguem as questões enviadas ao Coronel Edson Sardano e as respectivas respostas.

CAPITALSOCIAL – Como o senhor se sente para valer vendo seu nome numa lista de nove supostamente candidatos do Paço e, na sequência, observar que a lista não seria mesmo para valer já que apenas dois nomes vazam na Imprensa como de fato prioritários para a sucesso? O senhor se sente enganado ou tudo isso faz parte de um show combinado entre as partes?

CORONEL SARDANO -- Não me sinto enganado porque não faço parte da lista preferencial do Paço. Sou parceiro do Paulinho, mas minha candidatura é independente e não será patrocinada pelo prefeito isso já está definido entre mim e ele. Somos amigos, parceiros, só posso falar bem dele, mas vou seguir meu projeto, que é independente.

CAPITALSOCIAL – O senhor acredita que, aconteça o que acontecer, a unidade atual do grupo que comanda a Prefeitura de Santo André resistiria a eventuais defecções por conta justamente de expectativas criadas com a seleção de nove nomes que, como afirmamos, parecem não ser levados a sério numa disputa de espermatozoides para chegar oficialmente como indicado do Paço?

CORONEL SARDANO -- Acredito que o Paulinho terá dificuldades nesse sentido, mas saberá costurar uma unidade; até porque há outros espaços em jogo agora e nos próximos anos. Um ou outro pode ficar chateado, o que é normal, mas saberá administrar os interesses pessoais em nome do grupo.

CAPITALSOCIAL – Qual é o balanço que o senhor faz de sua participação no atual governo municipal, quer como vereador, quer como secretário na área de Segurança? Sente que o que é dado ao conhecimento público refletiria de fato o que colocou em prática? 

CORONEL SARDANO -- Minha percepção pessoal, respaldada em números, é muito boa, mas estou consciente de que não é a mesma sensação das pessoas. A segurança é um calcanhar de Aquiles de qualquer gestão no Brasil e as pessoas não se permitem entender que o problema está muito acima da capacidade legal e operacional de uma prefeitura, logo, dirigem as cobranças para o endereço errado. A despeito disso, volto a afirmar que minha gestão à frente da Secretaria de Segurança foi excelente e inovadora. 1 - Implantei o COI - Central de Operações Integradas, que congrega, no mesmo espaço, e sob total sinergia, a Polícia Militar, a Polícia Civil, a GCM, o Transito, o Sistema de Transportes, a Defesa Civil e o SAMU, o que agilizou toda a estrutura de emergência da cidade e contribuiu sobremaneira para a redução de índices criminais; 2 - Inaugurei a nova sede da Delegacia da Mulher, melhor localizada e equipada, preparada para atendimento 24 horas, a depender do Governo do Estado; 3 - Aprovei o novo estatuto da Guarda Municipal, criando plano de carreira, promoções e aumentando consideravelmente os salários; 4 - Adquiri novas viaturas e equipamentos; 5 - Criei a Patrulha Maria da Penha, que dá suporte ás mulheres vítimas de violência, contabilizando milhares de atendimentos como muitas vidas salvas; 6 - Criei o Quarteirão da Segurança reunindo uma inspetoria da GCM e o 6º DP na Avenida Adriático; 7 - Implantei a Operação Delegada, que permite que a prefeitura contrate as horas de folga de policiais militares e assim reforce a presença ostensiva dos PMs; 8 - Criei o Comitê Integrado de Segurança, instância na qual se reúnem mensalmente Delegado Seccional, Comandante da PM, Comandante da GCM, Chefe da Polícia Científica e demais autoridades ligadas à área, para discutir estratégias e criar ações de combate ao crime, incluindo as operações que têm sido observadas na cidade.; 9 - Implantei a Operação Sono Tranquilo, que fiscaliza estabelecimentos que emitem som em volume irregular; 10 - Trouxe o Detecta, em convênio com o Governo do Estado, hoje chamado de Muralha Eletrônica e ferramenta extremamente importante para a prevenção e combate ao furto e roubo de veículos; 11- Entre outras coisas.

CAPITALSOCIAL – Qual é a saída para Santo André safar-se dos piores indicadores de roubo e furtos de veículos do Estado tendo como passivo a geografia de fazer divisas com a Capital, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, São Bernardo e São Caetano, ou seja, todas as periferias desses municípios? Santo André está condenada a fracassar?

CORONEL SARDANO -- Com certeza não, mas a saída é incrementar a Polícia Civil, responsável pelas investigações, uma vez que o efetivo atual é a metade do que era há 20 anos e os problemas mais que dobraram. As penas para o furto e a receptação também precisam aumentar, eliminando os benefícios.

O aparato fiscalizador de Santo André também precisa ser incrementado, aumentando a estrutura e valorizando os fiscais;

O aumento das câmeras em locais estratégicos com resposta operacional imediata também pode contribuir.

CAPITALSOCIAL – Ainda sobre questão de Segurança Pública, não o vimos na Imprensa com gestos grandiloquentes de resultados supostamente obtidos. O senhor acha que essa área demanda muita cautela e discrição, evitando-se, portanto, criar falsas expectativas que o tempo desmascara?

CORONEL SARDANO -- Essa é uma área que só tem espaço para cobrança. O êxito na segurança não é contabilizado. Num hospital você pode afirmar quantas vidas salvou com determinadas ações. Na segurança a contabilidade é só de crimes ocorridos e até de pessoas presas, o que também remontam a um trauma, pois se foi presa é porque cometeu um crime e o que fica na memória é o crime.

CAPITALSOCIAL – Quais os pontos que o senhor considera ativos relevantes para reivindicar candidatura à chefia do Executivo de Santo André?

CORONEL SARDANO -- Uma vida inteira dedicada à causa pública. São 45 anos entre a Polícia Militar e a Prefeitura, planejando, executando, atendendo à população sem um senão sequer. Nunca respondi a nenhum processo, inquérito ou investigação de qualquer ordem. Tenho uma vida transparente, morando no mesmo apartamento adquirido em financiamento como policial militar e sem mais nenhum patrimônio.

Dediquei décadas de minha vida também ao terceiro setor, colaborando com meus pais no amparo a crianças em vulnerabilidade, pela via da educação.

CAPITALSOCIAL – O senhor considera que exista no grupo do prefeito Paulinho Serra algum possível candidato acima da média e que, por conta disso, determinaria a unificação ou reunificação desse mesmo grupo?

CORONEL SARDANO -- O Paulinho está numa “saia justa”, pois tem gente muito preparada no seu governo e disposta a concorrer à sucessão. Ele e o candidato escolhido terão que ter muita habilidade para aparar as arestas e seguir com o grupo unido. O Paulinho é muito hábil e saberá conduzir esse processo.

CAPITALSOCIAL – O senhor é de família tradicional em matéria de solidariedade social em Santo André. Numa análise fria, como observa o crescimento exponencial da pobreza na cidade e na região?

CORONEL SARDANO -- Não vejo o crescimento da pobreza na região de forma diferente do que acontece em outras regiões das grandes metrópoles. Me incomoda bastante aqui a presença de viciados em crack que, pela atual legislação, consomem drogas a céu aberto, praticam furtos para manterem o vício e nada pode ser feito em caráter coercitivo. Por outro lado, conheço muito bem as instituições que atuam na inclusão, lutando com muitas dificuldades e nem sempre com o apoio que precisam e merecem. Esse é um setor que quero apoiar mais.

CAPITALSOCIAL – Como o senhor se sente diante da informação que coloca Santo André na posição 181 do ranking estadual de PIB per capita, com queda sucessiva a cada novo ano, configurando-se ao longo dos tempos a inapetência para superar com alguma alternativa de matriz econômica a desindustrialização aguda.

CORONEL SARDANO -- Entendo que a economia está ligada a muitos fatores, sendo que a maioria não depende da gestão local, mas creio que o que é possível fazer é criar um ambiente favorável de negócios, com celeridade e transparência na aprovação de projetos e na eliminação de obstáculos burocráticos. O investimento na disciplina do uso de solo, limpeza e manutenção urbana são essenciais para atrair e manter empresas.

CAPITALSOCIAL – O senhor entende que Santo André precisaria de uma força-tarefa para, finalmente, encontrar estratégia a uma reviravolta no histórico de esvaziamento econômico que a impacta há praticamente três décadas? Não é arriscado depender cada vez mais da única cadeia da indústria de transformação que sobrou, no caso o petroquímico-químico?

CORONEL SARDANO -- Não há dúvida! Todos que puderem contribuir nessa área são benvindos. Você inclusive!

CAPITALSOCIAL – Se o senhor fosse desafiado a expressar características dos prefeitos que ocuparam a Prefeitura de Santo André a partir de 1990, como resumiria a atuação conjunta deles, não individualmente. O que o conjunto deixou de principal ativo e de principal passivo quando se colocam na balança crítica o que era e o que é Santo André hoje?

CORONEL SARDANO – O Celso foi um grande gestor. Tinha uma visão muito à frente do seu tempo, de modo que atropelou certas culturas e obstáculos, deixando muitas coisas apenas no plano das ideias e um grande passivo financeiro que se arrasta até hoje, mas deu um bom impulso à cidade; João Avamileno é um homem simples, que assumiu oficialmente a Prefeitura na maior crise de sua história e foi engolido pelo “fantasma” do Celso e por um partido acuado por acusações e brigas internas. Aidan e Grana apenas passaram o tempo.  O Paulinho foi a grande surpresa: um gestor arrojado e competente, soube dar um choque de gestão, retomar e realizar obras há muito necessárias, além de ter uma grande penetração junto aos munícipes.

CAPITALSOCIAL – Quando o senhor lê que Santo André deveria mudar a letra do hino oficial, retirando-se o Viveiro Industrial e colocando-se o Viveiro Assistencial, mesmo que seja apenas uma provocação desafiadora, qual é o seu sentimento? 

CORONEL SARDANO -- De tristeza, mas isso não deve nos abater. Não há uma cidade sequer que só tenha crescido. Nós fomos vítimas do nosso próprio sucesso. Muito se falava – e ainda se fala – que somos ricos, que não precisamos de nada. Na área de segurança, que conheço bem, sempre foi assim. O Estado direciona mais estrutura e efetivo para cidades menores e com menos problemas apenas por essa fama de cidade rica.

Se mudamos nossa característica, devemos fazer mais e melhor ante a nova realidade, evidentemente sem desistir de resgatar um passado a partir de políticas públicas efetivas.

CAPITALSOCIAL – O eleitor de Santo André que vai às urnas em outubro próximo decidirá o voto em termos percentuais levando-se em conta as questões locais, as questões estaduais e as questões nacionais em quais proporções? Ou seja: o voto para prefeito valerá quanto, individualmente, na hora do voto na urna. E entre o ambiente estadual e o ambiente federal, quais seriam os pesos relativos?

CORONEL SARDANO -- Acredito que a polarização esquerda-direita vai ter uma influência relativa por aqui, mas tenho certeza que a esquerda terá um espaço muito menor do que sempre teve, seja pela herança pouco saudosa, pelo êxito do atual governo e pelas características da população, que sem dúvida se mostra mais conservadora. Eu aposto na honestidade intransigível, no preparo, na maturidade e na transparência da minha proposta. A decisão é do eleitor. O voto proporcional, então, passa por muitos fatores, menos ideologia.



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